Bruno Castilho
12/03
Eduque ao invés de apenas punir.
Eu converso com professores diariamente e quando falamos de trabalhos acadêmicos, o mesmo assunto vêm à tona: plágio.
Geralmente, quando apresento uma solução que vai melhorar o relacionamento entre o professor e o aluno e simplificar tarefas, costumo receber o seguinte questionamento no final: “ótimo, e dá pra saber se o aluno copiou um texto da internet?”.
O plágio é uma realidade e infelizmente ronda o mundo da educação há tempos. É algo que cresce com a abundante quantidade de informação disponível na grande rede. Ele ocorre quando aluno utiliza parte de um texto, frase ou ideia de outro autor e não faz a devida citação no seu trabalho para apresentar o dono da informação.
Se o plágio for comprovado, a punição vai variar de acordo com a instituição e pode chegar até a perda do diploma.
Imagine uma professora fazendo a revisão de um artigo entregue por um aluno. Ela já percebe o estilo de linguagem e a linha de pensamento que está sendo utilizada e de repente: “booomm”.
Surge no meio do texto algo totalmente fora do padrão, como se o aluno, somente naquele momento, conseguisse apresentar uma visão brilhante :) É possível que ele seja o autor daquela ideia? Sim, mas a professora desconfia e têm suas razões pra isso.
O fato é que a mesma professora têm 50 alunos em cada turma e como ela poderia atuar de forma eficiente para identificar o plágio em todos os trabalhos que revisa?
A solução que resolve PARTE do problema é utilizar um software detector de plágio. Uma ferramenta que identifica similaridades textuais e indica textos e autores que também utilizaram aquele trecho. Existem dezenas de ferramentas como essas no mercado.
Infelizmente, na maior parte das vezes essa tem sido a única medida adotada sobre o tema. Eu considero que apenas utilizar esse tipo de software não é eficiente e não resolve a raiz do problema.
Por que o aluno comete o plágio?
1. Não quer ter o esforço de pesquisar e escrever
2. Quer entregar o trabalho e ficar livre dele
3. Quer tirar uma nota boa
4. Quer receber o diploma
Essas opções que não esgotam as possibilidades, mas nos dão uma ideia da amplitude do problema.
É a falta da educação que faz o aluno decidir o caminho que ele considera mais fácil. É a falta da preparação para entender o cerne de questões que provoca essa atitude. É um problema muito maior do que a cópia de um texto.
É possível que todos nós, em alguma situação já tenhamos cometido algum tipo de desvio, independente do tamanho e da gravidade.
O plágio é um dos resultados que evidenciam a nossa formação, e nela têm coisas muito boas e outras nem tanto: esse é o ser humano.
O fato é que não existe crescimento sem dedicação, sem muita vontade e sem o envolvimento real sobre aquilo que está sendo feito.
Pra que filosofar sobre algo que pode ser resolvido com punição?
Porque não adianta punir sem educar. E se essa solução for adotada isoladamente, teremos um ciclo interminável.
Outro ponto sobre a punição: o aluno já perdeu o tempo dele fazendo a cópia do texto e a professora já perdeu o tempo dela fazendo a análise. Não é eficiente, é reativo.
Talvez o aluno tenha mais trabalho buscando o texto que considera perfeito para copiar do que teria se estivesse voltado para pesquisar e aprender: é pouco inteligente também.
Como educar antes de punir?
1. Conhecendo bem o aluno
2. Apresentando a importância do trabalho
3. Fazendo perguntas para guiá-lo em cada parte da pesquisa e da escrita
4. Se aproximando do aluno para identificar o seu progresso e suas dificuldades
5. Incentivando o aluno e comemorando progressos
E como fazer isso tendo muitos alunos?
Aqui está o papel da escola, da faculdade, da universidade e de qualquer instituição de ensino: investir em tecnologia e criatividade para preparar e apoiar os seus professores, para que eles tenham recursos disponíveis para fazer o movimento de mudança e educar ao invés de somente punir.
Identificar a raiz do problema permite combinar soluções para resolvê-lo.
O maior prejudicado no plágio é o próprio aluno que perde A CHANCE de criar algo com a sua capacidade e perde o momento que ele está vivendo no curso para ter uma experiência que traga alguma contribuição real para a sua formação profissional e acadêmica.
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Um abraço!